Turismo underground
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Embaixo de nossos pés muita coisa acontece.
Conheça alguns passeios subterrâneos que valem a pena fazer parte do seu próximo roteiro de viagem
FRANÇA
Museu do Esgoto de Paris
Ao chegar à Cidade Luz, que tal um passeio subterrâneo inusitado? Esse é o propósito do Museu do Esgoto, composto por galerias do século 19, planejadas e sinalizadas pela indicação de ruas e monumentos parisienses à medida que passam por debaixo deles. No subsolo, há salas de exposições audiovisuais, palestras sobre a história da civilização e do tratamento da água francesa – um dos sistemas mais modernos do mundo. Durante o reinado de Napoleão Bonaparte, em 1850, foram construídos 31 quilômetros de canais, hoje a rede possui 2 mil quilômetros de extensão. Apesar de um odor desagradável no ambiente, a visitação é concorrida, tem duração de uma hora e os visitantes são guiados por monitores da prefeitura. Ao final do passeio, vale dar uma passadinha na loja de suvenires para encontrar livros, catálogos e cartazes sobre o desenvolvimento do local. A lembrança mais cobiçada na hora da compra é o ratinho de pelúcia do personagem Ratatouille, uma espécie de mascote do lugar.
93, Quai d'Orsay, Paris, Estação de Metrô Alma-Marceau, tel. 01/5368-2781. Funciona de sábado a quarta-feira das 11h às 17h. A entrada custa a partir de € 4,30 adultos e € 2,30 crianças.
CANADÁ
Montreal diferente
O turista em visita a Montreal, no Canadá, tem a oportunidade de estar em duas cidades interligadas – uma fica na superfície e a outra no subsolo, com 32 quilômetros de comprimento, estruturada por shopping centers, prédios, restaurantes, escolas e muitas opções de lazer. A partir da renovação do bairro internacional e como alternativa para proteger as pessoas das temperaturas baixíssimas, o local foi construído em 1962. Hoje, a área recebe mais de 500 mil pessoas à procura das mesmas coisas que encontrariam na cidade que está logo acima. Os corredores têm até três andares, e em alguns pontos a luz do dia é bem visível. Os ambientes são aquecidos durante o inverno e refrigerados no verão. O entretenimento fica completo com a Place des Arts, com seis salas de espetáculo, onde se apresentam a Ópera de Montreal e a orquestra sinfônica da cidade.
Central Station, Terminus Voyager, Place des Arts.
REPÚBLICA TCHECA
Pílsen Underground Cultural
Ao chegar à fábrica da tradicional da cerveja Pílsen, engana-se quem pensa que verá apenas como é feita a cerveja adorada pelos tchecos. No Museu Brewey, dedicado à bebida, e que faz parte do complexo da cervejaria, há uma passagem subterrânea que leva os visitantes para um labirinto de túneis e esconderijos usados pelos moradores da região no século 14, como armazéns para guardar mantimentos. São quase 8 mil quilômetros, com 12 metros de profundidade, mas a área aberta para visitação compreende apenas 800 metros. Chamado de Underground Cultural, o espaço tem barris, utensílios e objetos da época, além de máquinas usadas para bombear a água. Durante a Segunda Guerra serviu de abrigo antiaéreo. Ao final da trajetória, uma loja de lembranças típicas marca o passeio.
Veleslavínova 6, 301, Pílsen, tel. 420/37/723-5574. Abre diariamente para visitação nos meses de abril a dezembro. O passeio é guiado nos idiomas inglês, francês e alemão. Horários: 11h, 14h e 16h. O preço por pessoa é a partir de US$ 3,71 ou na moeda local, CZK 70.
CHINA
Pequim Underground
Para se preparar a uma suposta guerra nuclear, uma vez que a China estava com os ânimos estremecidos com seus vizinhos, o líder comunista Mao Tsé-Tung ordenou a construção da Pequim Underground. Trata-se de uma cidadela subterrânea erguida entre 1965 e 1975, que, apesar de ser chamada de cidade, está mais para abrigo antibombas. Na época, o enorme bunker teria condições de receber cerca de 300 mil pessoas, 40% da população de Pequim no período. Decorado com tapetes vermelhos e paredes camufladas com estampas do Exército, o atual museu tem túneis úmidos e à meia luz, que ajudam a criar um ambiente sombrio e cercado de mistérios. O passeio pelas galerias é feito junto com um guia fardado, que muitas vezes se esquiva das perguntas, o que deixa um clima de suspense ainda mais forte. Por se tratar de uma instalação militar, não é possível tirar fotos. No roteiro, há um antigo hospital, um armazém de munição e salas de leitura. Na saída há uma lojinha com peças de seda chinesa.
ESTADOS UNIDOS
Seattle dividida
Após o incêndio de 1898, que destruiu 33 quarteirões da cidade, Seattle começou a ser reconstruída mais alta, isto é, dois andares acima do nível normal. A medida era para prevenir enchentes e alagamentos. O que aconteceu é que uma nova metrópole começou a funcionar abaixo do solo, com lojas, hotéis e algumas residências. No ano de 1907, os ambientes foram desativados e fechados pela prefeitura. A reabertura ocorreu em 1964, e logo se tornou atração turística, que ganhou força em 2004, com criação de roteiros que passam pelo que sobrou da antiga cidade. No Seattle Underground existe uma rede de passagens subterrâneas com escadas, trilhas e caminhos de difícil acesso. O passeio dura 90 minutos, iniciando dentro do Maynard Doc’s Public House, um tipo de saloon restaurado de 1890, segue por mais três quarteirões, e termina na Galeria Rogues.
608 First Ave, na Praça Pioneer, entre a Cherry Street e a Yesler Way, tel. 206/682-4646. Preços a partir de US$ 15 adultos; US$ 7 crianças e US$ 12 acima de 60 anos. Ingressos pela internet, pagamento com cartão de crédito, ou na bilheteria local somente em dinheiro. Funciona diariamente das 10h às 19h.
JAPÃO
Museu Ryukyu-kan
Conhecer a tecnologia de um sistema antienchente não parece um programa interessante para um turista. Mas se ele for para o Japão, especificamente à cidade de Kasukabe, isso pode virar um programão. Os interessados em grandes obras de engenharia ficam de boca aberta com o centro de visitação e Museu Ryukyu-kan, que funciona embaixo do prédio da estação pluvial, responsável por captar a água e a armazená-la em tanques subterrâneos. O espaço tem um visual de filme de ficção científica, e já serviu de cenário para seriados de TV, novelas, comerciais e até clipes musicais.
Construído em 1993, representa o maior sistema de drenagem do mundo. Em suas dependências existe um canal com 6,3 quilômetros de extensão, cinco compartimentos e o “Parthenon”, um tanque gigantesco de 78 metros de largura e 59 colunas. Uma parte do sistema funciona com quatro bombas, movidas a turbina de avião. O público aprende sobre o programa por meio de explicações audiovisuais.
Kasukabe-shi, Kamikanasaki, 720, tel. 048/746-0748. O funcionamento de terça a domingo, das 9h30 às 16h30. Entrada gratuita.
ESCÓCIA
Edimburgo Underground
Em 1753, o governo da cidade de Edimburgo decidiu construir um prédio para dar um novo visual à região. Como a inclinação do terreno atrapalhava a obra, a opção foi usar a estrutura das casas de pedra como base para o edifício (detalhe que as moradias eram habitadas). Com isso, muitas residências ficaram cobertas. Diz a lenda que o objetivo do governo não era “modernizar” a região e sim separar as pessoas contaminadas com a peste bubônica. Um desses lugares isolados ficou conhecido como Mary King’s Close. Em 2003, essa e outras vielas foram abertas à visitação subterrânea. O passeio é conduzido por atores que representam episódios da época, baseados em registros históricos. A encenação acontece nas casas do século 17, período da epidemia, onde os monitores misturam mito e realidade. Nos sombrios corredores são promovidos jantares e festas.
Mary King’s Close, tel. 0845/070-6244. O passeio acontece diariamente, das 10h às 21h, e os grupos partem a cada 20 minutos. Entrada: US$ 16 adultos e US$ 9,60 crianças.