Peça de teatro Benjamin, sobre direitos dos animais, promove adoção de cachorro
Falta de leis que defendam os animais, precariedades dos abrigos e questões como eutanásia, sacrifício e qualidade de vida são discutidas em Benjamin, espetáculo de teatro inspirado na relação do dramaturgo armênio Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffi
Peça de teatro Benjamin, sobre direitos dos animais, promove adoção de cachorro que esteve em cena ao final de cada sessão
Falta de leis que defendam os animais, precariedades dos abrigos e questões como eutanásia, sacrifício e qualidade de vida são discutidas em Benjamin, espetáculo de teatro inspirado na relação do dramaturgo armênio Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffi
A relação do artista armênio Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffi, morto em agosto de 2018, inspirou o espetáculo Benjamin, que estreia dia 16 de janeiro, quarta-feira, às 21h, no Viga Espaço Cênico. Ao final de cada sessão, um cachorro assistido por uma ONG de proteção aos animais estará disponível para adoção, respeitando todas práticas previstas neste tipo de processo. A peça é a terceira do Grupo ARCA, criado por Arthur, e foi viabilizada via financiamento coletivo. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Além de estudantes e idosos, têm direito à meia-entrada quem doar 1 kg de ração diretamente na bilheteria. Quem doar 2 kg terá direito a entrada franca. Brinquedos e demais acessórios para gatos e cachorros também serão aceitos para doação enquanto a peça estiver em cartaz.
O espetáculo mais recente do grupo ARCA conta a história de Benjamin (Mário Goes), vira-lata que promove mudanças profundas na vida de Berta (Júlia Marques), mulher que o adota após ser traída pelo marido, Noah (Lisandro Leite), durante sua lua de mel em Istambul.
Com a chegada de Benjamin, o público passa a assistir a visão que Berta projeta sobre o animal. Nele, Berta vê um ser humano ideal, que é cuidadoso, otimista, poético, respeitoso e companheiro, tornando-se assim uma metáfora que ilustra sentimentos verdadeiros e o amor genuíno, muito presentes no comportamento dos cachorros.
Quando Noah reaparece, Benjamin logo passa a ser assistido pelo público sob a ótica do homem, tomando então uma forma não apenas animalizada, mas triste e solitária, já que o cachorro é menosprezado por ele. “Berta enxergava em Benjamin algo que devia existir nos seres humanos, mas normalmente não existe. Já Noah traz uma outra camada, e logo o assunto central da peça se torna a confiança traída, o abandono e os maus tratos aos animais”, conta Arthur, que também assina a direção da trama.
Benjamin, que até então interagia, conversava e até dançava valsa com Berta, é deixado de lado, perdendo sua voz e todas características que a relação com a mulher o conferiam. “Benjamin sofre questões ligadas à indiferença do ser humano, tornando-se assim um representante de vários outros animais que passam por situações semelhantes”, completa o artista.
A encenação da peça é realista, exceto pela própria composição do personagem canino, que ganha um figurino futurístico alterado de acordo com a mudança de olhares dos humanos sobre ele. Apesar de não haver nenhum indicativo exato sobre o tempo em que a peça se passa, Benjamin tem ambientação inspirada nos anos 40, com referência ao cinema mudo, à filmografia de Charlie Chaplin e a estrutura do jogo de xadrez, com peças brancas e pretas que se colidem e se misturam durante a partida.