Faxineiro é promessa da arte naïf no Brasil
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Rodrigo Silva ganha fama no interior de São Paulo e é apontado como sucessor de José Antônio da Silva, o Silva, artista referência da arte Naïf no mundo
Com voz tranquila e um ar sereno, Rodrigo Silva é um artista plástico nascido em São José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo. Autodidata, dividiu há até pouco tempo a rotina entre o trabalho como faxineiro e a criação de suas telas. Com o reconhecimento de artistas veteranos pela riqueza de suas obras, Rodrigo começa a ganhar espaço no cenário da Arte Naïf. Abandonou o trabalho como faxineiro e pretende correr atrás do reconhecimento do seu talento.
Silva vive com seus pais, já aposentados e que tiram da barbearia do pai o complemento para sua renda mensal. De origem simples e sem ter cursado qualquer escola de artes, suas telas ganham vida com cores vibrantes e divertidas, formas rechonchudas e cenários de natureza com detalhes ricos e traços inocentes.
As telas de Rodrigo são reconhecidas pelas características primitivistas como temas populares do cotidiano rural, manifestações religiosas e folclóricas, a ingenuidade, os traços que se assemelham às pinturas das crianças, sem uma técnica definida.
Sua primeira pintura foi aos sete anos de idade, usando guache sobre uma cartolina, quando retratou a famosa obra A Última Ceia, de Leonardo Da Vinci. Hoje aos 33 anos, Rodrigo reconhece que encontrou a melhor forma para representar seus sentimentos e suas intuições. "Pela pintura primitivista eu consigo expor aquilo que está dentro de mim, é a forma mais autêntica para eu me expressar", diz.
Segundo Rodrigo, as inspirações para seus quadros vêm de intuições. "Eu simplesmente sinto que preciso pintar determinada cena. E quando eu começo, já consigo vê-la finalizada", explica o artista que já foi premiado em diversos concursos na região de Rio Preto. Mas seu maior orgulho foi ter conquistado o 1° lugar do prêmio do Festival do Folclore de Olímpia, um dos mais tradicionais do Brasil.
A arte de Rodrigo é conhecida como a arte espontânea e segue os trilhos do artista plástico rio-pretense José Antônio da Silva, figura emblemática da arte Naïf no Brasil que ganhou fama internacional com suas obras primitivistas. Entre os locais por onde suas obras passaram, destacam-se o Paço das Artes, São Paulo, e Museu Nacinal de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Quero pintar cada vez mais telas, sair do Brasil e fazer sucesso lá fora. Nasci pintor e fazer obras é meu remédio diário. Eu transcendo, é algo divino", finaliza.
Arte Naïf
A arte Naïf tem como principal característica a ausência de qualquer preparo acadêmico, marcada por traços livres como de desenho infantis, elementos simples e cores vibrantes, pela simplicidade e ingenuidade das obras.
Naïf, em francês, significa ingênuo. E assim são as pinturas nas telas, que seguem apenas uma tendência estética que retrata cenas populares, a vida rural, manifestações religiosas e o povo brasileiro.